O divino cartaz que publico logo acima hoje é para dar ciência aos meus parcos, porém fiéis e intelectuais leitores, de que no mês de abril será celebrado um "revival" em homenagem a Jim Clark...na ALEMANHA. É, não digitei errado não, o evento será na Alemanha, país que nada tem a ver em termos de nacionalidade com o primeiro escocês voador. Meus amigos, na Europa é assim, não é necessário que determinado ídolo tenha nascido em seu país para ser idolatrado, apesar de sabermos do ultra nacionalismo de vários países do velho continente. Mas a cultura de culto aos mitos do passado e preservação da memória - não só esportiva, mas artística também - é tão arraigada entre os europeus que eles superam a xenofobia. E não pensem vocês que esse revival é um fato isolado, existem diversos festivais em diferentes países onde a F1 e outras categorias do automobilismo são homenageadas.
Esses fatos estão sendo expostos aqui hoje como uma forma de "gancho" para o assunto principal que gostaria de abordar: a cultura, ou A FALTA DE, do país tupiniquim de desprezo à sua memória, pois - enquanto na Europa Jim Clark, morto no final da década de 1960, é homenageado - nós brasileiros estamos nos preparando para "homenagear" nossos heróis da F1 DEMOLINDO um de seus principais palcos de glórias no Brasil, o autódromo do Rio de Janeiro que leva o nome de ninguém menos que NÉLSON PIQUET, legal, né? Para ilustrar quanto o autódromo incrustado no bairro de Jacarepaguá marcou minha vida transcrevo um texto que escrevi no BLIG DO GROO, onde li a tenebrosa notícia da demolição:
Me lembro bem e me emociono ao recordar de um tempo que tudo era brilhante na F1, Mansell com suas loucuras e seu inigualável controle de carro, Senna e seu perfeccionismo, Piquet e sua sagacidade, Prost e seu calculismo. Quatro gênios correndo junto...melhor época de todas que presenciei na F1, mas tudo passa e lá se foram nossos heróis para darem lugar a outros...pena que não tem aparecido tantos. Num dos palcos das épicas batalhas travadas por esses quatro titãs da velocidade, o moribundo autódromo de Jacarepaguá, tive a felicidade e o privilégio de assistir duas corridas e agora só restarão memórias incrustadas em meus pensamentos, pois o local não mais existirá... Triste retrato de um país pródigo em aniquilar suas memórias. Tem horas que me pergunto, sinceramente: - será que o Brasil merece ter heróis como Senna e Piquet? Tenho certeza de que se ingleses fossem, todos os locais que correram seriam verdadeiros santuários, palcos de freqüentes homenagens. Aqui a homenagem preparada pelos "inteligentes" dirigentes de esporte e políticos - sempre eles - é a demolição do autódromo do Rio de Janeiro. Cabe aqui outra pergunta: com tanto local disponível em um país de dimensões continentais para erguer estádios, vilas olímpicas ou o que diabos seja...tinha que ser logo ali no lugarzinho do circuito Nélson Piquet?
PARAFRASEANDO RENATO RUSSO: "QUE PAÍS É ESSE?"
Portanto, meus caros, deixo aqui registrada toda minha indignação contra a falta de cultura brasileira ao preservar seu patrimônio histórico de uma maneira geral, seja esportivo, artístico ou de qualquer outra área. Sei que muito pouco ou nada vão adiantar minhas palavras de protesto, mas de omisso ninguém poderá me tachar.
