Dois mil e oito foi um dos anos mais alucinantes da história da nossa tão amada Fórmula 1, a temporada começou morna, mas foi aumentando gradativamente sua capacidade de gerar espetáculos com o passar do tempo até atingir seu clímax justamente na etapa final, em seus últimos metros. Os grandes responsáveis pela recuperação da magia do espetáculo foram - sem dúvida alguma - os pilotos, que souberam driblar a grande eficiência aerodinâmica dos carros que tanto atrapalha o show pois dificultam as ultrapassagens ao extremo, e se atiraram uns sobre os outros gerando cenas inesquecíveis e lambanças espetaculares, foi realmente fantástico. Nada mais justo, então, do que laurear nossos determinados heróis com um post homenageando quem mais foi capaz de gerar aquilo que mais o espectador quer ver: ESPETÁCULO. Antes de dar "nome aos bois" gostaria de dizer que o critério de avaliação usado não ficou preso a resultados finais e sim à capacidade de cada piloto em dar show e o número escolhido para eleger os melhores do ano ficou restrito a sete (minha vontade inicial era escolher dez) pelo simples motivo de a Fórmula 1 ter um número de pilotos muito reduzido atualmente.
Vamos aos campeões de 2008:
7° COLOCADO - TIMO GLOCK
Quando a Toyota anunciou a contratação de Glock, que já havia disputado algumas corridas em um passado recente sem despertar nenhuma atenção, logo pensou-se: a Toyota deu mais um "tiro no pé", livrou-se de um piloto ruim - Ralf Schumacher - para contratar outro. A estréia do rapaz foi tímida e nos Gps iniciais ele nada fez para contrariar a expectativa negativa, mas no decorrer da temporada o alemão foi melhorando gradativamente até chegar a uma excelente constância de boas performances, sempre protagonizando grandes embates com pilotos de ponta cujos carros eram muito melhores que sua mediana Toyota. Glock fez corridas muito boas na Hungria - onde presenteou a Toyota com o melhor resultado de sua história - na Bélgica e foi um leão no aguaceiro de Monza, atazanando a vida dos ponteiros. Os grandes trunfos de Glock são sua agressividade, sua habilidade extrema em pistas molhadas e seu domínio do carro quando se vê pressionado na disputa por posições - o que faz dele um dos pilotos do grid mais difíceis de ser ultrapassado. Timo Glock precisa melhorar ainda é no quesito rapidez em treinos classificatórios, único ponto em que o hábil alemão ainda deixa muito a desejar - mas até nesse ponto ele vem evoluindo...
Grande temporada de Timo Glock.
6° COLOCADO - JARNO TRULLI
Jarno Trulli é um grande injustiçado na Fórmula 1, pois nunca teve um carro de ponta para que sua habilidade fosse realmente testada nas condições extremas que a disputa por vitórias e títulos exigem. Guiando sempre em equipes médias, Trulli sempre consegue tirar leite de pedra de seus equipamentos e nessa temporada não foi diferente. Trulli conseguiu não ser ofuscado pelo talento emergente que desponta em seu companheiro de equipe e consegiu vários resultados expressivos para a Toyota esse ano, inclusive um pódio em Magny Cours. Sua pilotagem prima sempre pelo arrojo responsável, ou seja, disputa posições com muita garra sem ser desleal com seus adversários. E ainda há que se ressaltar que esse italiano é o maior piloto do grid na atualidade no quesito defesa de posição, ultrapassar Trulli é uma das tarefas mais difíceis da Fórmula 1.
Trulli, apesar de tantos anos de janela, ainda tem vida longa na Fórmula 1 se conseguir manter esse nível tão alto de pilotagem.
5° COLOCADO - ROBERT KUBICA
Esperava-se mais do polonês Robert Kubica em 2008, apesar de ele ter conseguido neste certame atingir seus primeiros grandes triunfos na carreira. Kubica venceu, fez pole position e chegou até a liderar o campeonato em 2008, mas isso se deveu muito mais a fatores circunstanciais do que à competência dele ou de sua equipe. No entanto, não se pode desprezar seus feitos, que foram de relativa importância, principalmente porque Kubica deu uma verdadeira surra de resultados em seu companheiro de equipe, que não é nenhuma mosca morta. Seu final de temporada ruim talvez seja o principal motivo de Robert Kubica não ocupar uma posição melhor neste ranking, mas mesmo assim a temporada como um todo foi positiva para ele.
Que Robert Kubica é um dos talentos emergentes da Fórmula 1 disso não restam dúvidas, mas que ele precisa evoluir ainda para finalmente ser considerado piloto de ponta disso também não há nenhuma sombra de dúvida, afinal de contas a fila anda e a moçada que vem surgindo é competente demais...
4° COLOCADO - SEBASTIAN VETTEL
Sebastian Vettel teve um fraco início de temporada, fato que causou uma certo ar de dúvida sobre sua tão propalada habilidade, mas bastou algumas poucas corridas para o jovem alemão mostrar do que é capaz. À bordo de um carro apenas mediano - que tem DNA de Minardi - Vettel mostrou um talento ímpar e conseguiu o maior feito de um novato em anos e anos de Fórmula 1: não só vencer, como conseguir a pole position no GP da Itália. Vettel guia como um campeão com talento nato para assumir a condição de maior promessa da Fórmula 1, já sabe dosar seu arrojo para que não se torne afoito e faça trapalhadas e guia como ninguém na chuva - talvez ele e Hamilton possam ser considerados os maiorais do grid nesse quesito.
O que mais se espera para 2009 é que a opção de guiar para a Red Bull não desperdice esse talento enorme de Sebastian Vettel em lutas de pelotão intermediário que ninguém vê...
3° COLOCADO - FERNANDO ALONSO
Fernando Alonso é - sem sombra de dúvidas - o maior piloto da Fórmula 1 em atividade, o espanhol para onde quer que vá esbanja talento, sendo capaz de evoluir qualquer equipe que tenha a felicidade de contar com seus préstimos. Foi justamente isso que ocorreu em 2008 com uma debilitada Renault, ressaqueada inicialmente por uma temporada horrível em 2007 onde amargou um terrível jejum de vitórias, que foi crescendo tanto no certame nas mãos de Alonso que conseguiu chegar a improváveis duas vitórias. Alonso é um fenômeno de pilotagem e competência, rápido e inteligente parece sempre saber o que fazer seja em qualquer circunstância e tem uma leitura de corrida que só se viu igual em um mestre nesse quesito: Michael Schumacher.
Se em 2009 a Renault conseguir continuar evoluindo sob à batuta do maestro Fernando Alonso, que seus adversários tremam, pois o Príncipe das Astúrias vem para brigar novamente pelo título.
2° COLOCADO - FELIPE MASSA
Felipe Massa, o mais novo ídolo da Fórmula 1. Com um final de campeonato eletrizante onde cruzou a reta de chegada da prova decisiva com o título nas mãos para perdê-lo segundos depois, Massa conseguiu uma proeza ainda maior do que vencer: ser glorificado na derrota. Nunca um vice-campeonato foi tão fetejado e um vice-campeão tão ovacionado. Massa começou o ano amargando derrotas amaríssimas, frutos de suas grandes bobagens feitas na largada do GP da Austália, num choque gerado pela disputa infantil de posições na mesma corrida com David Coulthard e na sua desastrada rodada na Malásia. Foi o suficiente para o mundo desabar sobre a cabeça do brasileiro: especulava-se até sua substituição na Ferrari por Sebastian Vettel... Daí veio à tona justamente o ponto mais forte da personalidade de Massa: sua imensa capacidade de responder bem à situações de pressão. Massa foi soberbo ao contornar com vitórias e boas apresentações o clima negativo que pairava sobre sua cabeça, dando espetáculos memoráveis como no Canadá e Hungria. Teve momentos ruins como na Inglaterra e na Itália e foi beneficiado com uma vitória imerecida pela ridícula intervenção de despreparados comissários na Bélgica, mas seu balanço final foi altamente positivo, pois Felipe Massa finalmente mostrou ser capaz de controlar sua fúria com mostras de amadurecimento de piloto que aprendeu com seus próprios erros, sem perder o arrojo tão necessário em momentos que o requerem.
Felipe Massa foi derrotado por um grande adversário é verdade, mas se sua equipe não tivesse cometido tantos erros - Mônaco, Canadá e Cingapura - talvez ele pudesse chegar à última corrida em condições mais favoráveis de brigar pelo título.
1° COLOCADO - LEWIS HAMILTON
Legítimo campeão de 2008, Hamilton fez jus ao troféu de maior piloto do ano. Hamilton vestiu de vez a túnica de maior showman da Fórmula 1 pilotando com habilidade extrema e talento inquestionável. Hamilton foi espetacular na Itália, na Bélgica e principalmente na Alemanha, onde conseguiu uma vitória mesmo quando sua equipe teria posto tudo a perder - não foi só a Ferrari que errou sejamos justos - com direito a um verdadeiro OLÉ em Felipe Massa em sua corrida de recuperação. Alguns desavisados insistem em denegrir sua imagem de legítimo campeão tomando por base sua pilotagem burocrática em Interlagos, mas os injustos se esquecem que se ele pôde se dar ao luxo de assim proceder foi justamente porque soube acumular valiosos sete pontos de frente. E seu título se torna ainda mais valorizado quando recorda-se de sua legítima vitória em Spa-Francorchamps que lhe foi surrupiada pela inépcia de energúmenos comissários que insistem em estragar o espetáculo do esporte com decisões estapafúrdias.
LEWIS HAMILTON FOI O CAMPEÃO DA HABILIDADE E DO TALENTO PURO CONTRA UM OPONENTE QUE SÓ FEZ ENGRANDECER SUA CONQUISTA.
Congratulations, Lewis !!!