sábado, 14 de junho de 2008

Mais belos carros by F1 RACING - os 2 carros que empataram na vigésima segunda colocação

Depois de longa pausa, a série favorita de muitos leitores está - finalmente - de volta. Carros que marcaram época pela sua beleza voltam a desfilar todo seu charme aqui no blog. Pelo menos para a maioria que os elegeu como belos, porque - "como toda unanimidade é burra" como diria o saudoso Nélson Rodrigues - há carros que realmente são difíceis de "engolir" - pelo menos para o blogueiro que vos fala - entenda o que quero dizer logo no primeiro carro:

#22 - LIGIER JS5 - 1976

Designer: Gerard Ducarouge
Piloto: Jacques Laffite
Vitórias: 0
Poles: 1
M.volta: 0
Pontos: 20

O JS5 foi o primeiro F1 produzido pela famosa e simpática escuderia francesa de Guy Ligier e em seu ano de estréia não fez feio, chegou a cravar uma pole position no velocíssimo circuito de Monza e obteve um honroso segundo lugar no GP da Áustria com o promissor Jacques Laffite, único piloto da equipe em 1976. A força do conjunto Ligier-Matra vinha principalmente do possante motor V12 da Matra - razão que em muito explica a surpreendente pole na Itália - e da impetuosidade do jovem francês que chegava à F1 com uma carreira vitoriosa nas categorias de base.

A união da Ligier com Laffite, aliás, foi das mais longevas da história da F1, pois o piloto começou
sua carreira em 1976 pela equipe e a encerrou dez anos depois na própria Ligier, saindo de sua "casa" somente em 1983 e 1984, anos em que guiou para Sir Frank Williams. O auge desse longo casamento foi o ano de 1981 quando Laffite chegou à prova final do campeonato disputando o título contra Nélson Piquet e Carlos Reutemann, ano em que fez uma pole position, ganhou duas corridas e terminou na terceira colocação no mundial de pilotos.

Mas voltando ao JS5, o primeiro carro da Ligier já continha alguns elementos que fizeram da equipe uma das mais adoradas pelos fãs da F1: as cores azul-claro e branco, o marcante número 26 e o patrocínio dos cigarros GITANES; elementos esses que compunham uma espécie de assinatura dos carros Ligier durante vários anos. Mas, que me perdoem seus admiradores, o JS5 tinha uma característica própria que - em minha opinião - o tornava GROTESCO, horroroso: sua tomada de ar. A tomada de ar do JS5 foi a maior e mais volumosa já registrada na F1 e era a marca registrada do bólido, admirada por muitos - como atesta a elevada posição que obteve nesta lista - causava sentimentos ambivalentes pois sempre consta em listas dos mais bizonhos também. É o caso clássico do ame-o ou odeie-o, mas o que ninguém pode dizer é que o JS5 não impressionava.



#22 - LOTUS 88 - 1981


Designer: Colin Chapman
Esse carro nunca correu.


Cotado para ser a mais novo dos milagres do mago Colin Chapman, o Lotus 88 marcou na verdade o princípio do fim da era Chapman na F1. O carro tinha tudo para ser altamente revolucionário, pois era composto de chassi duplo sobreposto construído com materiais extremamente leves, porém resistentes, tais como a fibra de carbono e o kevlar e objetivava contornar as leis restritivas às partes aerodinâmicas móveis impostas pela FISA, agindo da seguinte forma (segundo palavras do próprio Colin) :

"O primeiro chassi era uma estrutura do tipo escada de aço e fibra de carbono sobre a qual a carroceria, o sistema de arrefecimento e outros componentes mecânicos eram montados, ficando suspenso com molas e amortecedores separados. O movimento do chassi principal ficava assim rigidamente controlado para sofrer o mínimo possível de variações aerodinâmicas. Já o piloto, o tanque de combustível e demais peças ficavam isoladas deste primeiro chassi rígido e se situariam sobre um segundo chassi, manufaturado em fibra da carbono contendo alvéolos de kevlar, sendo este suspenso nas rodas a fim de obter uma maximização de aderência mecânica, e por fim, obter também conforto ao guiar advindo de uma suspensão extremamente macia. O que seria na verdade a aplicação do conceito muito usado nos caminhões modernos: um chassi com suspensão rígida para agüentar os baques advindos de pesadas cargas e uma segunda suspensão que isola o condutor em sua cabine proporcionando conforto e maciez"

Tudo muito bonito, prático e revolucionário, mas julgado ILEGAL e PROIBIDO de competir pela FISA - entidade desportiva automobilística da época - fato que gerou inúmeros protestos e muita controvérsia, pois elementos conceituais proibidos pela FISA de serem usados pelo 88 foram copiados por outras equipes que tinham acesso liberado à competição.

De nada adiantou todo o alvoroço criado por Colin Chapman e mecânicos da equipe Lotus, o 88 foi mesmo proibido de correr e causou um imenso prejuízo a seu criador pois seu patrocinador principal, a ESSEX, ameaçava descumprir suas obrigações financeiras caso o 88 não corresse e Colin Chapman já havia despendido grande parte de sua fortuna no carro. Para piorar a situação, o dono da Essex David Thieme acabou preso - suspeito de sonegação fiscal - na Suíça.

Interessante mesmo foi a analogia feita pelo jornalista italiano Fernando del Corso para todo esse imbróglio: "o Lotus 88 foi o Frankestein moderno, onde a criatura matou seu genial criador".
Abaixo vão alguns esquemas animados para que vocês possam admirar melhor todo o esplendor de um carro revolucionário impedido de correr pela política orquestrada pela FISA, do famigerado Jean Marie Balestre, instigado pela FOCA, de um mal intencionado Bernie Ecclestone, que na época era dono da Brabham, e muito tinha a perder caso o 88 realmente vingasse todo o potencial que tinha.