Às vésperas do Gp do Canadá, corrida que sempre tem algo emocionante reservado para os expectadores mesmo em tempos de F1 Procissão (apelido que resolvi adotar para atual época - triste - da F1 sem ultrapassagens), o leitor Hugo Seitz recordou de forma engraçada uma passagem ocorrida nos anos 1990 no circuito da ilha de Notre Dame, com a palavra o leitor colunista de hoje:
" O ano era 1991 e todo mundo já sabia que a disputa pelo título ficaria restrita a Senna em uma Mclaren-Honda que começava a dar sinais de decadência mas ainda era forte e Mansell em uma ascendente Williams-Renault que se transformaria já em 1992 no carro de outro planeta. As outras equipes faziam figuração e o os outros pilotos da Mclaren e Williams, Berger e Patrese respectivamente, eram somente escudeiros. Nesse contexto a Fórmula 1 aterrissou no Canadá, quinta corrida do ano de 1991, país que onde quase sempre acontecem corridas movimentadas. Curiosamente em 1991 a corrida foi chatinha sem muitas disputas, coisa rara de se ver na Fórmula 1 dessa época sempre tão competitiva e cheia de ultrapassagens, e o que se viu foi um desfile de Mansell rumo à vitória até a penúltima volta. E Mansell cruza a linha de chegada abrindo a última volta com uma "semana de vantagem" (era assim que o Galvão Bueno falava quando a distância era muito grande) para um surpreendente Nélson Piquet pilotando um carro fraquinho mas conseguindo uma boa segunda posição, e no meio da última volta Mansell começa a comemorar antes mesmo da corrida acabar dando adeusinhos para o sempre entusiasmado com automobilismo povo canadense. E não é que o carro de Mansell quebra quase no final da última volta? Quebra e Piquet ganha a corrida de bandeja. Mas o melhor de tudo não foi isso, foi a declaração do sempre cômico Piquet ao final da corrida quando perguntado do motivo da quebra da Williams. Piquet disse que o inglês era trapalhão demais e que ao ficar comemorando tinha desligado o sistema eletrônico que gerenciava o funcionamento de seu carro e todo mundo acreditou, fazendo Mansell de motivo de piada por muito tempo. Hoje sabemos que o carro de Mansell na verdade deu uma espécie de pane hidráulica, que eu gosto de chamar de apagão da Fórmula 1, e que Mansell não teve nada a ver com o que aconteceu. Na época a mentira deliciosa de Piquet colou porque somente a Williams tinha esses aparatos tecnológicos todos e ninguém estava acostumado com esse tipo de quebra. Mas, para falar a verdade, gosto tanto da versão digamos extra oficial de Piquet que prefiro acreditar nela e morrer de rir imaginando a cena do Mansell trapalhão dando tchauzinho e desligando o carro, porque essa história faz parte do folclore gostoso da Fórmula 1. Grandes figuras tínhamos na Fórmula 1 do passado."
É isso aí Hugo, esse é o caso clássico em que a ficção é muito melhor do que a realidade... E como era sacana esse Piquet, hein, HEHEHE...